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Telemedicina: prepare-se para as transformações
Telemedicina: prepare-se para as transformações
em: 17 de janeiro de 2019Dentro: Noticias
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CFM prepara resolução para normatizar teleconsulta
À semelhança de outros segmentos, como Amazon, Airbnb e Uber, para citar alguns, a tecnologia de informação está revolucionando a medicina. Estamos vivendo uma transformação na área médica, devido a constantes inovações, como por exemplo a inteligência artificial (IA), plataformas digitais e estudo do genoma. A saúde se tornou tão interessante como investimento, que inúmeras multinacionais direcionam grande parte dos projetos atuais para a área, como Google, Samsung, IBM etc.
Para exemplificar, os EUA gastam com saúde algo em torno de US$ 4 trilhões/ano, 20% do seu PIB e o dobro do PIB brasileiro. Grandes empresas internacionais têm buscado novos modelos de assistência médica e fazem críticas contundentes ao sistema, como:
“A GM é uma empresa de saúde e benefícios com uma fábrica de carros anexa” Warren Buffet
“Nós gastamos mais com saúde do que com café” Howard Schultz, CEO da Starbucks
Dessa forma, há uma nítida necessidade de mudança na cadeia, com pacientes mais engajados, mudanças do perfil de demanda, buscando maior conveniência e efetividade nos seus cuidados. Os prestadores buscando modelos mais eficientes, redução das disparidades, eficiência operacional e expansão de serviços e finalmente os pagadores, planos de baixo custo e foco na prevenção.
Enfim, temos um sistema em crescimento que necessita de evolução para as soluções com maior qualidade e menor custo. E para tal temos que estar preparados para essas transformações.
Entre as inovações, está a telemedicina, praticada rotineiramente na grande maioria dos países e até então restrita e não aprovada pelo nosso Conselho Federal de Medicina, embora algumas entidades renomadas já a utilizem de maneira indireta, como o Hospital Albert Einstein, com seu ambulatório virtual, tele baby care, tele oncologia etc.
A última resolução do CFM, de 2012, já regulamentava, entre outras atividades, os laudos a distância. Na última sessão plenária de 2018, realizada em 13 de dezembro, o CFM aprovou a nova atualização do Código de Ética Médica (CEM). No Capítulo V, artigo 37, caput 1º, o CFM finalmente abre as portas para a consulta médica a distância (remota). Depois de três anos de grande debate interno, a teleconsulta recebe um tratamento homologatório do Conselho.
Não foi ainda divulgado, nem para imprensa e nem para a categoria, mas a previsão é que será no lançamento oficial da nova resolução, no dia 7 de fevereiro, em Brasília, durante a realização do II Fórum de Telemedicina do CFM. As normas, regras e formas de atuação do CFM na chamada teleorientação (como eles gostam de chamar) também serão divulgadas. Internamente ainda são discutidos itens da regulamentação.
Trata-se da maior transformação tecnológica e conceitual dentro da cadeia nacional de saúde. Sem dúvidas haverá grande transformação com significativo impacto. Fundos de venture capital, operadoras, conselhos regionais, startups, health incumbents e uma enorme quantidade de players internacionais se movimentam para ocupar espaço nesse mercado. Vamos assistir a um debate nacional e grandes mudanças dentro da relação médico-paciente, inclusive na forma de remuneração.
Resolução do CFM
Art. 37 Prescrever tratamento e outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo em casos de urgência ou emergência e impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente depois de cessado o impedimento, assim como consultar, diagnosticar ou prescrever por qualquer meio de comunicação de massa.
1o O atendimento médico a distância, nos moldes da telemedicina ou de outro método, dar-se-á sob regulamentação do
Conselho Federal de Medicina.
Assim, por mais que muitos possam estar preocupados com as inovações, as possibilidades da perda de espaço frente às novas tecnologias, com a diminuição de consultórios e clínicas físicas, temos que nos antecipar e não sermos surpreendidos.
A telemedicina está aí e o mercado de olho em nossa saúde, temos que ter a lucidez para usá-la e a expertise da inteligência artificial para obter resultados, pois a IA nunca irá substituir um médico, mas médicos que a utilizarem substituirão os que não acompanharem essa tecnologia.
Fonte: Dr. Miguel Zerati Filho